14 de abril de 2010

A política e o evangelismo ameaçador

O olhar orgulhoso, o hábito da prosa profética, caracteristicas marcantes que fizeram, nas ultimas décadas, líderes evangélicos começarem a ganhar espaços na sociedade e no meio político com discursos fortes e avaliações rigidas de moralidade. Por muitos anos temos vindo a imaginar os evangélicos como uma falange romana pronto para tudo, principalmente, para o bem da sociedade em geral. Sermões inflamados, sobre os inimigos espirituais, políticos, mercado financeiro, etc. Durante anos, esta imagem tem tido um efeito impressionante. Nas ultimas eleições, o resultado da sua grande mobilização de fé, construiu grandes resultados para a classe envangélica por mobilizar a maioria da sua base e trazer para dentro das igrejas, projetos que poderiam ser decisivos na mudança social, pois os eleitores e fiéis acreditam em discursos com valores morais e fundamentais para a familia.
Mas nos dias de hoje, parece que algumas destas coisas estão mudando. A falta de sucesso em matéria de moralidade pública não foram avaliados com generosidade às congregações religiosas. Onde o dinheiro só beneficiou alguns pastores e suas organizações, e não o projeto social como um todo. Um dos exemplos mais recentes e divulgados foi o caso da Igreja Universal e seus pastores, chefiados por Edir Macedo. Foram estes e muitos outros escândalos que fizeram a opinião publica rever conceitos e repensar sobre a mobilização dos seus eleitores, que não foram suficiente para ganhar o prometido, porque para os fiéis não houve um candidato com a marca da intolerância religiosa. Sendo assim, as igrejas independentes não terão chances de resistir e de lucrar mais. A estratégia de reestruturação, neste caso, poderá ter duas vertentes: para convencer e para reduzir o dano, torna-se objeto de uma campanha acirrada discutir o aborto, pobreza, saúde, pedofilia e outros temas fundamentais, guiado por valores morais.
Que as rachaduras no relacionamento entre os evangélicos e a política estão a tornar-se crateras, parece se confirmar. Ditando característica dos políticos religiosos voltados apenas para fins internos de suas congregações. A mudança para uma vida melhor e seu sistema ideológico é, atualmente, severamente contestado. Mas a oportunidade para recuperar uma parte do eleitorado religioso, e particularmente o evangélico, devera passar por uma profunda mudança, onde somente os verdadeiros pastores e suas instituições sobressairão. Este é o mais recente sinal de que a união da política e o evangelismo ameaçador está perdendo espaço, apesar de sua força organizacional e material não estarem mais em sintonia, assim como uma parte significativa de uma nova geração de evangélicos.