29 de janeiro de 2010

Amor, sexo e suas dificuldades

Para alguns, a sexualidade é essencial, para outros é mais agradável por longos períodos, outros ainda optam por permanecer castos. Mesmo o grande amor pode ser mais ou menos erótico. Para alguns, o erotismo é essencial, olhar seus corpos como se eles estivessem com fome. Para outros o amor é acima de tudo, a intimidade espiritual, cuidados de convivência diária individual. Cada um de nós cai dentro de um desses padrões de pensamento e física e, se ele é adequado, nos faz sentir bem e completo. Eu acho que é apropriado repetir essas coisas, porque nos dias de hoje os sexólogos estão a tentar impor um modelo único para todos, e não descansam de exercitar e divulgar isto, consequenciando uma verdadeira forma de violência.
As grandes diferenças na relação entre sexualidade e amor têm na sua base uma abismal separação que remonta pelo menos dois mil anos atrás. A linguagem do amor, das poesias como no filme "Love Story" onde no seu centro, o sentimento de perda, a agonia da espera, é sempre alimentado pelo sofrimento da chegada ou da partida. Quando existe somente o sexo, o prazer físico, o prazer dos corpos, o amor se afasta, desaparece. Não sabemos o idioma a utilizar para o amor erótico. A linguagem erótica é utilizada apenas em três casos. A primeira é a piada, as ‘brincadeirinhas’ como em "Sex and the City '. O segundo caso é o do desprezo e o da violência, como assistimos nas novelas da atualidade. Já o terceiro é a pornografia pura.
Em todos os casos, a discussão sempre acaba fora das ideologias do amor e da paixão. Em conclusão, em dois mil anos de história, amor e sexo foram separados e ainda não há um texto escrito para contar um amor erótico, total e sincero. Pode até que exista alguém que possa explicar que há um lugar onde sexo, amor, emoção e prazer se juntem e convivam em harmonia pela eternidade, mas será um caso raro. Deliberadamente os diálogos dos amantes são apaixonadamente e intensamente sobre o amor erótico. O que será do futuro do amor e do sexo é uma incógnita que não poderemos afirmar se será bem sucedida, mas estou convencido de que se não darmos mais atenção para o amor nos tornaremos sempre mais emocionalmente esquizofrênicos e não deveremos ficar surpresos se os amores não durarem muito tempo. A sociedade passa por um momento de transformação onde o erotismo esta superando o amor. Por isso, buscar o amor com erotismo será o caminho a ser desbravado para que ambos caminhem lado a lado, sempre.

14 de janeiro de 2010

A batalha sem fim entre construtores e predadores

No decorrer da história, sempre existiram os construtores e os predadores. Eram construtores, os agricultores que preparavam a terra, plantavam e faziam a colheita, ajudando assim no crescimento populacional e na formação das cidades. E também existiam os predadores nômades, erradicados da terra, que atacavam as plantações e roubavam tudo aquilo que havia sido construído. Já os construtores são radicados na terra, amam a sociedade rica e bela a que fazem parte. Eles construíam obras de arte que exprimiam os próprios ideais religiosos, estéticos e morais. Pensamos às estupendas catedrais Medievais, aos palácios e mercados do Renascimento. São maravilhas que vão ao-de-lá da utilidade exagerada, mas, porém criadas para serem eternas, porque constituíam a objetivação dos valores fundamentais e o espírito da comunidade na época. Para os predadores estas coisas não tinham sentido algum. Saqueavam palácios, incendiavam templos e destruíam estátuas. Entanto, ainda hoje existem construtores e predadores. Olhamos para a África, onde em muitos países o poder esta nas mãos de homens armados que as mantêm apontadas contra a população. Seus ‘lideres’ vivem na riqueza, metendo o dinheiro do povo em bancas européias, agindo como invasores estrangeiros, como nômades nas próprias terras. Já em um contexto mundial vemos os predadores que fazem parte da política e do mercado financeiro que hoje agravam ainda mais a crise no planeta. Sito, por exemplo, a população chinesa que estão invadindo e conquistando cada vez mais o mundo com seus produtos e hábitos, e, os sheiks do mundo árabe que especulam e controlam o mercado pretolífero. Por décadas, os colonizadores portugueses defenderam nosso território dos piratas holandeses e franceses (apesar de estes terem, no início, comportado como predadores). Por séculos, nos confins do império romano as legiões de soldados fizeram barreiras contra a invasão dos bárbaros. Mas não iludíamos ainda, porque esta luta continuará sempre. Porque no mundo sempre existirá invasores e predadores que ameaçarão a sociedade. E cada nação sobreviverá somente se encontrar a solidariedade e a coragem de defender as suas atividades, sua cultura e seu povo com seus valores. Porque essas coisas não podem estar à venda jamais.

8 de janeiro de 2010

É necessário renovar, sempre

As sociedades nascem de três modos: ou através da conquista, ou sob a base de interesse econômico, ou de movimentos coletivos. São esses requisitos que dão origem às formações sociais mais importantes. Como o cristianismo, o islamismo, a reforma luterana, o calvinismo, os movimentos nacionalistas, o socialismo, o comunismo, etc. Mas também existem casos como os movimentos maçônicos e da psicanálise. Todos os movimentos, quando nascem, são caracterizados de um grande entusiasmo, do sonho de um mundo de justiça, igualdade, liberdade e irmandade. Mas, depois de um certo tempo, a fé e o impulso generoso diminui e retorna o desejo de riqueza e poder econômico. Nesses tempos, certos grupos se transformam em uma classe dominante que se fecha em torno de si, estabelecendo regulamentos de admissão e ocupam com seus próprios seguidores as posições de poder. Este ciclo, que inicia com entusiasmo, fé e generosidade e termina com o fechamento, dinheiro e poder, se repetiram inúmeras vezes na história da humanidade.
As instituições nascem, se deterioram, morrem. As únicas que sobreviveram pelos séculos são aquelas que conseguiram utilizar ao máximo a energia do ‘coração’ para revitalizar-se. O caso mais famoso é o da igreja católica, que muitas vezes se fez inflexível levando-a a uma grave crise, mas que sempre deu a volta por cima graças à movimentos que a restituía o espírito de sua origem. Pensamos aos franciscanos, aos jesuítas, os salesianos até as religiões de liberação. Também nestes movimentos seguem o ciclo que havíamos descrito anteriormente: perdem fé e força e transformam-se em associações fechadas.
Agora falamos de outras organizações e sociedades que procuram, paralelamente, auxiliar. Por exemplo, hoje no mundo católico está se difundindo a Renovação Carismática que é um movimento que procura ajudar as paróquias a abrirem um caminho de iniciação ao batismo, já que o processo de secularização tem levado muita gente a abandonar a fé e a igreja. Mas aquilo que acontece no campo religioso acontece também no campo cultural. O marxismo, tempos atrás, era considerado como uma fé ardente, hoje se é cristalizada em partidos burocráticos e em potentes cooperativas e associações. Já a psicanálise ou se diluiu na linguagem de hoje ou se transformou em escola esotérica. Até mesmo o amor mais doentio e apaixonado, com o tempo se transforma em uma tranqüila convivência. Portanto, tudo aquilo que queira restar vivo, intenso, autêntico deve abrir-se, renovar-se, renascer.