12 de agosto de 2010

A paixão pela fulga

Quero falar de uma tragédia típica do nosso tempo, a busca pela fulga de uma relação estável. Antes, o povo ficava preocupado e se ocupava dos amores e divórcios dos famosos, porque os consideravam diferentes. Com a televisão e a internet, hoje, as ‘estrelas’ são misturadas com pessoas comuns, onde qualquer pessoa pode tornar-se subitamente famoso, criando a ilusão de que todos nós podemos fazer como eles, trocar de parceiros em regime de rotatividade. Foi também alargado o período em que adolescente fazem e desfazem amores sem qualquer problema. Mas na vida você também cria laços fortes, que são situações onde nos faz sentir presos e causa dor com as percas. Situações em que aparece o tipo de amor que podemos chamar de "fuga".
A paixão explode quando duas pessoas estão descontentes com a situação em que vivem, das relações que são e estão prontos para mudar, para realizar o seu potencial oculto, para criar a fantasia de um futuro melhor. Todo mundo se apaixona por alguém que mostra simbolicamente o destino desejado. Mas o amor, apaixonado, sempre é projeto de vida e quando não se consegue, se torna irrecuperável, e falha. A tempos atrás o projeto era se casar e constituir família. Hoje é viver uma vida amorosa movimentada e atuar lado a lado com as multações do mundo. O amor de escape vem de uma profunda insatisfação com o que você está enfrentando, mas não se torna plano concreto de união. Resta apenas uma fuga, uma maneira de escapar da realidade, para esquecer.
Isto é o que acontece com a maioria dos chefes de família (seja homens ou mulheres) pobre, sem dinheiro para sustentar o/a companheiro(a) e filhos. A pessoa se sente preso, ele não sabe o que fazer. Poderia fugir de casa e terminar entre os "que já viu isso?" Ou refugiar-se nas bebidas ou drogas. Porém, ao contrário, se apaixona, fugindo do êxtase da paixão erótica. Mas não consegue criar um projeto, deve voltar ao seu ex-companheiro onde encontrará apenas brigas rotineiras, dor e miséria. Todos os dias ouvimos falar de pessoas desesperadas que foram abandonadas com seus filhos, de companheiros que, após o divórcio, já não sabe para onde ir dormir. Por favor, não faça o erro de ver neste artigo uma crítica ao divórcio. É apenas uma crítica superficial que muitos têm a atitude frente ao mundo do erotismo e do amor. Como se o ímpeto foi um guia seguro, como se o sexo e o amor pode ser manipulado à vontade. Embora esta seja uma área onde nós temos que pensar, usar a inteligência e haver um forte senso da realidade e do dever. Sexo e amor, nem sempre, pode funcionar como gostamos ou não.